Hiromu Arakawa




Hiromu Arakawa ( 荒川 弘 ) nasceu em 8 de Maio de 1973, em Tokashi, uma prefeitura de Hokkaido, ilha do norte do Japão. Foi criada em uma fazenda de gado leiteiro e batatas junto com várias irmãs. Durante a adolescência, ela passou ajudando seus pais na fazenda e brincando no campo. Ela diz que mangás sempre foram um de seus grandes hobbies e que ela lia e colecionava mangás de todos os gêneros, mas que gostava, em especial, das revistas Weekly Shounen Jump e Weekly Shounen Sunday (com a qual tem contrato, atualmente). Um de seus mangás favoritos da infância foi Kinnikuman (uma paródia de Ultraman, do mangaká Yudetamago). Seu sonho de criança era descobrir o que havia além das fazendas e da ilha de Hokkaido e queria ser mangaká por imaginar que a vida de um escritor de mangás seria leve, divertida e ideal.
Hiromu Arakawa
Quando se formou na escola, Arakawa fez um acordo com seus pais: ela trabalharia na fazenda com eles durante 7 anos, ajudando-os nos trabalhos e, enquanto isso, seus pais a ajudariam a ter aulas de pintura a óleo uma vez por mês na cidade. Ao final desse período, ela se muda para Tokyo em busca de se tornar uma mangaká. Ela promete aos seus pais que só voltaria para casa depois que conseguisse se sustentar com suas obras.
Ela começou ilustrando mangás de brincadeira com seus amigos, como Shishi Juushin Enbu, um “fanzine” publicado pela Arakawa com uma amiga, Zhang Fei Long, sob o nome de Dennou Sanzoku Bukando. Depois de um tempo, ela começa a escrever histórias sozinha. Um de seus primeiros trabalhos profissionais desenhando foi fazer tirinhas de comédia (os famosos 4koma, ou yonkoma) para a revista de videogames Gamest, parodiando os jogos que eles publicavam na revista. Na época, ela usava o pseudônimo Edmund Arakawa.
Um de seus primeiros trabalhos no mundo profissional dos mangás foi como assistente do mangaká Eito Hiroyuki, criador de Mahoujin Guru Guru (uma série que faz paródia dos antigos RPGs)


Seu primeiro grande trabalho, Stray Dog (1999), ganhou o 9º Twenty-First Century Shounen GanGan Award (Prêmio Shounen GanGan Século XXI) e, como prêmio, foi publicado na revista profissional Monthly Shounen GanGan.
Esse prêmio também lhe rendeu uma relação com a GanGan, editora onde passou a publicar quase todos os seus trabalhos depois disso.
O mangá seguinte foi Shangai Youma Kikai (2000), que conta a história de uma gama de personagens famosos da literatura/folclore oriental e ocidental, que resolvem mistérios sobrenaturais em uma Xangai de um futuro próximo. A série foi intermitente, tendo capítulos soltos publicados entre 2000 e 2006. Não foi declarada como terminada, então, é possível que ainda vejamos algum novo capítulo, no futuro.
O sucesso mundial começou, no entanto, com sua primeira série longa e regular, Fullmetal Alchemist (Hagane no Renkinjutsushi no original). A série começou a ser publicada em Agosto de 2001 e lançou capítulos mensais regularmente (sem falhas ou intervalos) até seu final, em Junho de 2010, completando quase 9 anos de edição ininterrupta. Inicialmente uma série considerada “comum” pela crítica e imprensa japonesa, ganhou rapidamente um destaque pela qualidade e profundidade de seu roteiro.
O sucesso lhe rendeu uma série de animação na TV menos de 2 anos depois de seu lançamento em mangá, transmitidos no Japão entre Outubro de 2003 e Outubro de 2004, e se tornando o anime de maior sucesso da história da empresa Bones até então. Um filme (Conqueror of Shambala) seguiu em sequência à série cerca de um ano depois. A série TV ganhou o prêmio de Melhor Anime do Ano e o mangá ganhou o 49º Prêmio Anual de Mangás da Shougakukan, um dos mais renomados do Japão (a foto abaixo, que todos conhecem da Arakawa, é da entrega deste prêmio).
Arakawa na entrega do 49º Prêmio Anual de Mangás da Shougakugan (ao centro)

Enquanto Fullmetal Alchemist estava sendo publicado, Arakawa trabalhou em outros projetos, como a série de humor negro Raiden-18 (2005) (que, até o momento, produziu 3 capítulos), o oneshot Souten no Komori (2006) e a série Hero Tales (Juushin Enbu no original) (2006), que utiliza personagens de sua época como mangaká amadora.
Após o fim de Fullmetal Alchemist, a Arakawa tirou alguns meses de descanso e firmou um novo contrato, desta vez com a Shogakugan, editora da revista Shounen Sunday, onde, atualmente, publica um mangá bem diferente do seu habitual: um slice of life (literalmente "fatia da vida", um gênero de mangás cotidianos, sem elementos fantásticos ou sobrenaturais) chamado Silver Spoon (Gin no Saji no original) (2011), que está fazendo um tremendo sucesso no Japão.

Sua paixão por Ficção Científica e também pela China aparece em quase todas as obras, sendo comum temas como a ressuscitação de mortos, aparição de divindades e espíritos como personagens e fatos fantásticos e, muitas vezes, até ilógicos. Sempre com um tom cômico ou satírico.
Mas nem só de humor vive a Arakawa e um outro fator que permeia toda a sua obra é sua profundidade filosófica e reflexiva. Mesmo quando trata de temas cotidianos, as obras de Hiromu Arakawa estão sempre levantando questões sobre as relações humanas, suas visões da vida, da morte, do mundo, de Deus... Uma característica visível em suas obras é o tempo e trabalho que ela coloca em construir seus personagens de forma que eles se tornem bastante factíveis, tendo, às vezes, reações inesperadas e sendo influenciados pelos acontecimentos e “mudando” ao longo da série. E o mais interessante disso é como que esse traço aparece tanto nos mangás longos, como Fullmetal Alchemist e Juushin Enbu, quanto nos curtos ou oneshots, como Souten no Komori.

Sendo uma mangaká com grande experiência em mangás de curta duração, a Arakawa desenvolveu uma grande habilidade de passar informações e sentimentos de uma forma muito rápida e eficiente, utilizando bastante os recursos de metáforas e imagens. Ela tem a tendência a recorrer menos à forma diretiva de diálogos e caixas de pensamento dos personagens.
Em FMA, ela faz questão de ressaltar as relações humanas, as dificuldades afetivas e sociais que todos sofremos, o idealismo que cada um carrega dentro de si e a capacidade de ser feliz independentemente das circunstâncias, além da ideia de Redenção e que, no fundo, a única coisa que realmente satisfaz o Ser Humano e que o faz ser uma pessoa realizada é a capacidade de se superar e compreender mais a vida, de redimir seus erros, ao entender a lógica que guia o mundo. E essa, talvez, seja sua mensagem mais séria e importante, e que permeia toda a sua obra.